Mais uma vez o presidente tentando desqualificar a vacina contra a Covid19 distorceu os fatos. nesta segunda-feira (25) uma reportagem da revista Exame e culpou a imprensa pela divulgação da fake news.
"A revista Exame fez uma matéria sobre vacina e Aids. Eu repeti essa
matéria na minha live, dois dias depois a Exame falou que eu falei fake
news. Foi a própria Exame que falou da relação de HIV com vacina, eu
apenas falei sobre a matéria da revista Exame. E dois dias depois a
Exame me acusa de ter feito fake news sobre HIV e vacina. A gente vive
com isso o tempo todo", disse Bolsonaro.
No entanto, há uma série de distorções feitas por Bolsonaro na reportagem da revista.
Primeiro, ele não disse na live que a reportagem em questão foi publicada em outubro de 2020, há mais de um ano. O conteúdo da revista tampouco cita qualquer documento oficial do governo britânico.
O site da revista fez reportagem baseada em uma carta publicada no periódico científico The Lancet em 19 de outubro de 2020. Nessa correspondência, um grupo de quatro cientistas expressa preocupação pelo fato de algumas vacinas pesquisadas contra a Covid usarem um tipo específico de adenovírus, o adenovírus 5, que, no passado, em estudos para uma vacina contra o HIV, foi usado como vetor viral.
Os quatros autores da carta relatam que esses antigos estudos para uma possível vacina contra o HIV indicaram que voluntários homens vacinados nos testes teriam um risco aumentado de adquirir o HIV. Em nenhum momento, os pesquisadores disseram que isso também seria notado necessariamente para as vacinas contra Covid-19 que usassem o adenovírus 5, mas, sim, que essa informação deveria servir de alerta aos criadores dos imunizantes.
"Até agora, não se comprovou que alguma vacina contra a covid-19 reduza a imunidade a ponto de facilitar a infecção em caso de exposição ao vírus [do HIV]", diz a mesma reportagem.
Carlos Lula, presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), também criticou a fala de Bolsonaro. Segundo ele, a live foi absurda, trágica, falsa, mentirosa e grotesca.
"Mais do que isso, ela impõe um ônus aos portadores de HIV. Mais um capítulo lamentável dessa sucessão de absurdos do presidente durante o enfrentamento da pandemia", completou Lula, que é secretário de Saúde do governo do Maranhão.



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