Sou de um tempo em que a governabilidade nas terras do Morro Grande se alternava entre Pedrinho e Machadão. Quem era Pedrinho, era Pedrinho e quem era Machadão, era Machadão.
Sabíamos que eles eram prefeitos de direito, até mesmo porque, o povo os escolhiam como os seus representantes no poder executivo. Mas existiam pessoas no município que exerciam tanta influência, que as vezes colocá-las como prefeitos das suas localidades mesmo que indiretamente, não seria engano algum. Essas pessoas viviam a alma de seus lugares e os representavam muito bem. Eram pessoas que conquistavam o respeito pelo seu dom de prestatividade, pelo “sim” de todas as horas e pelo orgulho que tinha de fazer o bem e fazer bem.
Dona Ana Umburanas – No Distrito de Upabuçu, ninguém era tão respeitada e admirada como ela. Ela era uma mãe, uma amiga, uma autoridade na comunidade e qualquer político que quisesse falar dos seus projetos governamentais e assim querer votos, primeiro tinha que apresentá-los a Dona Ana. Era ela que dava o aval. Quem a conheceu, sabe muito bem como ela carregava no coração o orgulho de Upabuçu. Hoje, olhando a maioria das benfeitorias no Distrito, percebemos que em tudo tem um pouco do muito de Dona Ana Umburanas – Uma guerreira incansável pelo bem do seu povo – e a história não nos deixa mentir.
João Batista – Falar do Jacutinga e não fazer uma referência a João Batista, é não conhecer a história da minha cidade. João Batista era um visionário/empreendedor, a começar pelo seu estabelecimento comercial “A VENDA DE JOÃO BATISTA”. O que você precisasse e não encontrasse no centro da cidade, podia ir a venda de João Batista que lá tinha de tudo (da tomada elétrica ao anil). Outra faceta do João, eram as festas. Se tinha alguém que valoriza o bairro, era ele. Festa junina, queima de Judas, Quebra pote, a Rainha do bairro e tantos outros eventos. João fazia com a sua simplicidade, tudo acontecer e com isso tudo, adquiriu ao longo da vida, admiração e respeito.
E por fim, Luís Caetano.
O portal da comunidade da Várzea era a casa de Luís Caetano. Líder forte na região e de uma influência ímpar. Qualidade que adquiriu pela generosidade de ter sempre as portas abertas pra quem dele precisasse. Era compadre de todo mundo, amigo de todo mundo e um lutador ferrenho da Várzea. Se as estradas da comunidade estivessem ruins, era ele que o povo delegava para que cobrasse melhorias. Se a comunidade precisava de uma escola, era ele que fazia a cobrança e fazia tudo com maior orgulho.
Pois é, essas são as histórias do meu povo. Histórias que são contadas e recontadas para que jamais caiam no esquecimento. Histórias de pessoas que abraçaram causas e fizeram a diferença nas suas comunidades, em um tempo em que a palavra dita, valia muito mais que a escrita. E que mesmo sem cargos eletivos* faziam a diferença nas suas comunidades.
Que orgulho eu tenho do meu povo.
*João Batista exerceu por alguns anos o cargo de vereador no município.
Nenhum comentário: