Hoje pela manhã soube do
encerramento das emissões em Ondas Médias (AM) da Rádio Povo de Jequié
(migração para FM), ainda neste dia 6 de Outubro de 2017. Fiquei pensando um
pouco na história desta rádio ainda como Rádio Baiana de Jequié 1460 Khz,
fundada em 21 de Setembro de 1954.
Se fizermos uma pesquisa na região, difícil
é não achar quem não tenha uma história para contar desta emissora. Quando eu
era criança isso pouco mais de 20 anos, ainda me lembro de um silencio total,
pois todos ficavam atentos, quando às 13 horas iniciava a Hora do Fazendeiro. O
momento solene para o homem do campo e da cidade era marcado pelos recados que
amenizavam as preocupações, e era para 90% da população ainda da década de
1990, o único meio de comunicação para saber das noticias entre as famílias,
patrões, empregados e amigos que, por exemplo, moravam distantes, mas que eram
alcançadas pelas ondas do rádio. Havia também os programas de auditórios, as
novelas e as dedicatórias. Pessoas escreviam cartas e esperavam dias ansiosos para
ouvirem suas mensagens serem lidas e seus pedidos musicais, quando tinha a
canção, serem atendidos. Os jornais falados eram bem difíceis, se ouvia outras
rádios, liam-se jornais, enfim noticia fresca às vezes já havia se passado dois
ou três dias do ocorrido. Eu hoje também sou radialista, e o que me levou a
gostar do rádio não é pensar em ter fama, em ser reconhecido, mas em servir a
sociedade, instrui-la, ser útil de maneira a contribuir para a formação cidadã,
isso como o pioneirismo do rádio.
Portanto, ouvi falar da
desativação da AM é nostálgico para quem cresceu sendo informado pelo rádio,
aprendendo pelo rádio. O rádio como uma escola cidadã. Nostalgia das vozes
marcantes, das vinhetas raras e musicas que marcavam décadas, dos chiadas e
antenas que montávamos para captar as de maiores distancias, das propagações
noturnas que nos permite ainda ouvir emissoras com milhares de quilômetros de
distancia do receptor, das mesclas de sintonias quando as propagações elevavam-se,
daqueles ecos e reverbes marcantes, das narrações esportivas intercaladas com
vinhetas tradicionais, dos noticiários e do som típico do AM ouvido em
autofalantes de papelão que dá toda uma qualidade peculiar que só as OM, OC é
capaz de proporcionar. É uma penas que o Rádio AM mude para FM que aumenta a
qualidade de som, mas reduz o alcance e o preenchimento, sem com tudo isso
experimentar a digitalização que manteria os requisitos de alcance com
qualidade de CD. Ao invés de seguirem um caminho, mudaram para um atalho. Mas,
viva o Rádio! (Ed Santos)
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