Afiliada da Globo no Paraná, a RPC demitiu o jornalista James
Alberti, produtor das primeiras reportagens do Jornal Nacional sobre a
operação Lava Jato. A demissão aconteceu apenas nove meses depois de o
repórter voltar de uma viagem forçada ao exterior, para se proteger de
ameaças de morte recebidas quando conduzia investigações envolvendo
corrupção e pedofilia.
A emissora disse a Alberti que ele foi dispensado em uma redução de
custos que eliminou o emprego de outros 15 profissionais. No meio
jornalístico, no entanto, a demissão causou estranheza não só pelas
recentes ameaças de morte e pelas inevitáveis insinuações de que o corte
poderia ter sido motivado por pressões políticas. Alberti é o
jornalista mais premiado da história da RPC.
Em 2010, uma investigação de dois anos comandada pelo produtor
resultou na "demissão" de 724 servidores fantasmas da Assembleia
Legislativa do Paraná, gerando uma economia de mais de US$ 400 milhões
por ano aos cofres públicos.
A reportagem rendeu à rede paranaense de TV alguns dos prêmios mais
importantes do jornalismo. A série Diários Secretos, como foi batizada,
levou o Grande Prêmio Esso, o mais desejado do país, e o Global Shining
Light Award, um dos principais do jornalismo investigativo mundial. A
entidade que entrega a láurea considerou a reportagem uma das dez mais
impactantes da história do jornalismo investigativo, ao lado do
escândalo Watergate (1972).
Alberti trabalhava havia 16 anos na RPC. Ele agia nos bastidores,
apurando informações. Fazia parte do primeiro time de repórteres
investigativos que não mostram o rosto, como Eduardo Faustini, do
Fantástico, e Tim Lopes, assassinado em 2002. Só apareceu uma vez, num
Globo Repórter de 2009.
O jornalista esteve por trás do noticiário da Lava Jato até março do
ano passado, quando trocou Curitiba por Londrina para se aprofundar nas
investigações da Publicano, operação da Polícia Federal contra um
esquema de desvio de dinheiro da Receita Federal, fraude na manutenção
de veículos oficiais do Estado e corrupção de menores. Entre os
envolvidos, estavam um primo, o fotógrafo e um colega de corridas do
governador do Paraná, Beto Richa (PSDB).
Alguns amigos o alertaram de que ele seria demitido, que isso já
estava combinado desde que fora "resgatado" em Londrina, em abril do ano
passado, com direito a carro blindado e escolta. A "profecia" se
concretizou no último dia 11, quatro dias antes de Alberti completar 45
anos.
Procurada, a assessoria de imprensa da RPC informou que a emissora não vai se manifestar sobre o assunto.
Foto Facebook /Fonte Uol
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