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Mestre Oldack
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| Casa onde era a alfaiataria Rua Presidente Vargas |
Natural
de Ubaíra-Ba, Oldack Fausto de Souza, filho mais velho do casal Ernesto
Fausto de Souza e Clementina Izaura de Souza, teve como irmãos: Gérson,
Moacir e Milta. De família humilde, chegou com seus pais em Itiruçu na
década de 30. Oldack foi alfaiate e músico, ele tinha uma alfaiataria na
rua Presidente Vargas próximo ao clube social, onde por muitos anos
riscou, desenhou, cortou e costurou muitos ternos, calças e camisas. Ele
desenvolvia um trabalho profissional e utilizava o método de
Carnittelli (Italiano), que trabalhava com alta costura na Rua Direita
na capital paulista. Seus principais discípulos foram: Zau de Prudêncio,
Antônio Dedé, Nilton de Teobaldo, Nélson Assis, Sales, Bizan e
Deraldão.
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| Placa que ficava na faixada da alfaiataria |
Na
labuta cotidiana pelo aprendizado e pela subsistência, Zau, Nélson,
Sales e Antônio Dedé, além de confeccionar calça e camisa aprenderam
também a fazer paletó. Anos depois os quatro citados empreenderam seus
próprios negócios, uns em Itiruçu e outros em São Paulo. Oldack foi
componente da filarmônica Amante da Lira, do professor Américo Borges.
Ele tocava: Clarineta, Saxofone e Tuba; nas horas vagas gostava de
escrever algumas marchinhas. Para ele, Itiruçu era sua cidade natal,
tinha amor e carinho pela terra do frio. Tinha vinte e poucos quando
chegou por lá. Em Itiruçu Oldack constituiu família, e foi lá que nasceu
a maioria dos seus doze filhos e foi lá também que ele criou os quatro
filhos adotivos.
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| Tesoura de fabricação Alemã da marca Solingen |
Mestre
Oldack foi autodidata, tinha o hábito da leitura de um modo geral, mas,
era entusiasta da língua Tupi. Gostava de ler Teodoro Sampaio e outros
autores indigenistas. Gostava de ouvir música romântica italiana e
também os sambas cantados por Moreira da Silva, do cinema era fã de
Grande Otelo. À noite costumava ouvir a rádio BBC de Londres, tinha
fluência em inglês, espanhol , italiano, um pouco do Tupi e, claro o
Português. Em 1950, com a chegada dos imigrantes italianos em Itiruçu,
ele já tinha feito o curso à distância do idioma italiano. Ele esteve
presente na acolhida dos colonos e frequentemente os ajudavam com a
tradução do italiano para o português na "Venda Paraiso" de Juca Nunes,
quando eles iam comprar seus mantimentos.
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| Documento de registro do Mestre Oldack |
Com
Oldack, muitos italianos aprenderam a falar o português ( Professora
Fátima Di Gregório faz referência em seu livro,sobre o fato). Os
italianos encomendavam roupas ao Mestre Oldack. O mestre Oldack era um
homem culto admirado por muitos, e era de muita sensibilidade, de
espírito alegre e iluminado. Muitos amigos dele gostavam de ir à
alfaiataria para visitá-lo e trocar idéias sobre assuntos diversos; um
desses amigos era o Sr. Antônio Leal.
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| Dedais, régua de Jacarandá e fita métrica. |
Conta
Zau de Prudêncio( meu cunhado), que ‘’um belo dia o Sr. Antônio Leal
chegou na alfaiataria( tenda como era chamada na época), e disse: -
Meste como vai a coisa por aqui? Oldack respondeu: - Vai bem. O Sr.
Antônio continuou: - Ô Dack ler pra mim as notícias dessa gazeta. – Tá
bom. Dack pegou o jornal e começou a ler as manchetes de primeira
página, quando procurou Sr. Antônio ele já estava lá na esquina da rua
em frente à padaria de Osório Amaral’’.
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| Chapéu de feltro da marca Ramenzoni |
Em
1970 Oldack pensando em uma melhor educação para seus filhos foi embora
para Salvador, morou inicialmente no populoso bairro da Liberdade.
Pouco mais de um ano depois fixou residência no modesto bairro de
Castelo Branco, onde viveu até sua morte. Mestre Oldack morreu em
28/04/1992, de infecção generalizada, no hospital São Rafael ( anos
antes ele sofreu um AVC) e foi sepultado no cemitério do Campo Santo em
Salvador-Ba. Oldack está sempre vivo na memória dos parentes e dos
amigos e de todos aqueles que o conheceu. Agradecimento: Yêda Souza,
Jossei Souza, Genilson Souza, Zau Pereira e Nathália Souza.
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